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sábado, 27 de março de 2010

Liz, acorda!

Então ela saiu. Saiu correndo pra não ter tempo de pensar em voltar. Corria contra o vento e este lhe arrancava lágrimas dos olhos.
- Porra, mas por que você tá chorando? Não foi você mesma quem quis ir embora? - eu resmungava, inconformado
- Tô chorando as lágrimas que ele vai chorar quando acordar. É tudo culpa dele, tá! As dele e as da mamãe... - ao dizer 'mamãe' suas pernas foram parando... - Mamãe... - disse, parando completamente - ela sempre acordou antes de mim. Ela me disse um dia que o barulho das nossas pálpebras se abrindo era suficiente pra que ela acordasse.
Paramos um minuto e enchi-me de vento e de silêncio. Ela certamente terminaria assim um capítulo no início da página e deixaria todo o resto da página e o verso em branco pra reproduzir esse minuto.
- Será que ela acordou?
- Eu devia fazer alguma coisa...?
- Corre mais, Liz, corre mais. Se você voltar, acaba tudo.
- Será que mamãe tá chorando agora? Eu nunca a vi chorar... - Liz dizia paralisada, reflexiva, com o olhar perdido, fixo em algum ponto da sua memória. Duvido que me escutava. Por isso gritei:
- LIZ, ACORDA!
Então ela despertou, enxugou o rosto, lambeu a lágrima que insistia em rolar e saiu correndo novamente em direção àquele ponto fixo dentro do imenso nada da floresta.
Não falou mais uma palavra sequer até o anoitecer, só se comunicou através das lágrimas.
Postado por nathália às 23:26
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Sobre

Nathália, 17/10/1992, São Paulo - SP

Liz é meu alterego, minha personagem universal para a qual todos os outros convergem; é minha massinha de modelar, meu gás, eu mesma e todo o resto. (mais)

Layout feito por mim, créditos da imagem.